Prefeitura de Itaboraí joga asfalto em ruas de paralelepípedo no Centro histórico

Divisão de opiniões e indignação. Tudo isto se dá em razão da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Semserp) pavimentar mais de 20 ruas, totalizando 6 km de asfalto, no Centro de Itaboraí. Mas o serviço realizado vem desagradando historiadores e dando o que falar entre moradores locais, pois o chão, coberto por paralelepípedos e que recebeu revestimento de asfalto, divide opiniões por ser consideradas patrimônio material do município.

Veja o vídeo:

“Não enxergo esse serviço de asfaltamento como avanço na cidade. Asfaltar ruas que já eram asfaltadas é um desserviço para todos. Há ruas em bairros menos favorecidos que só têm mato e lamaçal. Enfim, há quem aprove, pois eu, jamais vou concordar com isto”, contou Augusto Thomáz de Souza, engenheiro aposentado de 67 anos.

Já o comerciante Álvaro Assumpção de Arruda, de 51 anos, aprova a iniciativa. Para ele, são os carros que sofrem com os paralelepípedos em muitas ruas do Centro de Itaboraí.

“Pelo que sei, só aprova quem não tem carro a manutenção destes paralelepípedos nas ruas. Haja suspensão. Por mim, pode asfaltar tudo”, afirmou Álvaro.

Arqueólogo, historiador, preservacionista e presidente do Instituto de Pesquisa, História e Arqueológica do Rio (IPHARJ), Claudio Prado de Mello, de 60 anos, demonstrou indignação com o fato.

“Na minha opinião é um grande erro colocar asfalto nas ruas do Centro de Itaboraí, principalmente naquelas áreas onde se têm monumentos preservados ao entorno da Igreja Matriz, da Casa de Câmara e Cadeia Pública, da Prefeitura Municipal, por exemplo. Lugares como estes que retém um pouca da memória do passado colonial imperial são locais que têm certa importância atrai turistas”, contou.

No entanto, para Claudio, há uma tendência, não apenas em Itaboraí, mas no Brasil de que gestores municipais não têm consciência da história e preparo para entender o que significa o patrimônio histórico dentro de um contexto urbano.

“Na Europa, há um ‘The Revival of Architecture’ no qual estão se recompondo paisagens de determinados locais que foram prédios atacados na Segunda Guerra Mundial que viraram terrenos e construções modernistas. Entretanto, eles estão demolindo estes tais prédios de estilo moderno com uma arquitetura brutalista e devolvendo estes prédios tais como eram. Para eles, quando se recompõe uma paisagem antiga, isto acaba ajudando no segmento do turismo histórico e, convenhamos, ninguém visita um país ou cidade para ver um prédio moderno ou pontos sem referências históricas, sejam elas artísticas ou históricas. O que foi feito em Itaboraí é um grande erro que corrobora com a falta de um posicionamento mais firme dos órgãos gestores. Além disto, sem falar nos interesses econômicos que acabam gerando um interface com o planejamento destas obras, ou seja, gestores municipais adoram fazer obras deste tipo. Não quero ser leviano em acusar ninguém, já que desconheço o processo na cidade, mas como arqueólogo e historiador que sou, vejo com indignação e profunda tristeza que valores históricos estejam se perdendo em razão deste asfaltamento”, criticou.

Procuramos o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para saber se a Prefeitura de Itaboraí fez alguma consulta ao órgão para saber quais ruas poderiam ser asfaltadas. Recebemos o seguinte comunicado: “Não existe tombamento do Centro Histórico de Itaboraí pelo Iphan, apenas monumentos protegidos isoladamente – Igreja São João Batista e Palacete do Visconde de Itaboraí. Para além, o Iphan é proprietário da Casa Heloísa Alberto Torres, mas o imóvel não é protegido pelo instituto do tombamento”, afirmou o órgão e prosseguiu a nota.

“Sendo assim, a Praça é área de entorno dos bens tombados. Os contatos que temos no município de Itaboraí informaram que o asfaltamento é de algumas ruas de acesso em virtude do tráfego pesado e que a Praça não será asfaltada. De toda forma, estamos em contato com a Prefeitura para que apresentem as pretensões sobre essas intervenções, caso estejam em perspectiva de realização”, concluiu comunicado.

Procurada também, a Prefeitura de Itaboraí não nos respondeu até o momento.Fotos e vídeo: Eco Notícias RJ

Fotos e vídeo : Eco Notícias RJ

Marcos Vinicius Cabral

Veja mais:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sobre nós

Olá, SOMOS A ECO NOTÍCIAS

Eco Notícias RJ: Portal regional de notícias confiáveis, ampliando voz cidadã e promovendo engajamento.

Notícias recentes

  • All Post
  • Cidades
  • Cultura
  • Economia
  • Esportes
  • Exclusivo
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Nenhuma categoria
  • Polícia
  • Política
  • Região dos Lagos
  • Turismo

Categorias

Edit Template

SOBRE NÓS

Eco Notícias RJ: Portal regional de notícias confiáveis, ampliando voz cidadã e promovendo engajamento.

RECENTES

  • All Post
  • Cidades
  • Cultura
  • Economia
  • Esportes
  • Exclusivo
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Nenhuma categoria
  • Polícia
  • Política
  • Região dos Lagos
  • Turismo