Por Marcos Vinicius Cabral
A ação de desapropriação do local está nas mãos do juiz Euclides de Lima Miranda, da 3ª Vara Cível de São Gonçalo
A Prefeitura de São Gonçalo e o pediatra Leônidas Pereira, de 84 anos, estão em um impasse para que a ampliação do novo Hospital Municipal Retaguarda Gonçalense seja iniciada no município. Isso porque, o médico que atende há mais de 40 anos e já realizou quase 58 mil atendimentos no consultório que fica ao lado da unidade hospitalar (antigo Menino Deus) quer ser indenizado para desapropriar o espaço.
“Estou aqui desde a fundação da Casa de Saúde, em 1967. Éramos eu e um sócio já falecido, que construimos desde a sapata até a laje tudo que continua erguido aqui. Saio com uma mão na frente e outra atrás sem direito a nada?”, questionou o médico que é formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
A ampliação do Hospital Municipal Retaguarda Gonçalense vai promover melhor atendimento. Com isso, as mudanças trarão novos leitos, que passarão dos atuais 56 para 124 de enfermaria, um aumento de 120%. Além dos 20 leitos do Centro de Tratamento Intensivo (CTI). O plano estratégico é começar as obras no novo prédio, sem que o atual seja desativado.
“Sei da necessidade da população de ter um novo hospital capaz de melhor atendê-los. No entanto, vale ressaltar que o prefeito Capitão Nelson enviou o secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Gleison Rocha, para me fazer a seguinte proposta: alugar uma casa em lugar de minha escolha para deixar meu consultório, onde presto atendimento há mais de 40 anos e realizei quase 58 mil atendimentos”, justificou lembrando que o consultório onde realiza atendimento não tem nada a ver com o prédio ao lado em que funciona o HMRG.
Sobre o “sim” ou o “não” que prometeu não ter respondido ao Capitão Nelson, doutor Leônidas se diz ofendido com a proposta recebida.
“Não aceitei a proposta, que considero tão descabida e de uma falta de respeito com o profissional que sou para São Gonçalo. Além disso, tudo que foi feito aqui para melhoria do consultório foi com recursos próprios. Não tem um prego comprado com recursos da Prefeitura de São Gonçalo”, rechaçou.
Se dizendo “traído” pelo Capitão Nelson, a quem diz ter ajudado na campanha para se tornar prefeito nas eleições municipais de 2020, e para deputado federal quando fez campanha para Douglas Ruas.
“Fiz minha parte. Me doei nas campanhas quando Capitão Nelson tentou a cadeira no executivo do município, e quando Douglas Ruas, filho dele, tentou uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). E o que recebo em troca?”, perguntou antes de finalizar.
“O diabo tem três filhos: a inveja, a ganância, e a traição. Difícil saber qual deles é o xodó do atual mandatário de São Gonçalo. Estou aguardando a decisão do que o juíz vai dizer. Se for realizada a perícia no imóvel, e a Justiça achar que tenho direito a receber, ótimo. Senão, pego minhas coisas e vou embora”, lamentou.
O motorista André Abel, de 42 anos, foi atendido por doutor Leônidas quando criança. Enquanto aguardava a vez do filho entrar para receber os cuidados especiais do médico, se revoltou quando soube da ordem de despejo.
“É um absurdo o que a Prefeitura de São Gonçalo está prestes a fazer. De forma descarada, o prefeito está querendo despejar um dos mais antigos e competentes médicos da cidade. Doutor Leônidas foi meu pediatra e hoje é do meu filho, sempre atende com a maior simpatia, presteza e cordialidade de costume”, disse Abel e afirmou que a ordem de despejo não é pela falta de pagamento de impostos, mas por ganância e interesses políticos.
Outra indignada é Adriana de Oliveira, atendente comercial de 38 anos: “Que vergonha, Capitão Nelson. O que está acontecendo? Fazer isso com um médico que ajuda quem necessita”, limitou-se a dizer.
O Eco Notícias RJ esteve no consultório do doutor Leônidas e a equipe de reportagem foi impedida de entrar com o veículo no pátio da unidade. No local, carros embarcam e desembarcam pacientes. O portal procurou pela Prefeitura de São Gonçalo…