A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Saúde e da Fundação Estatal de Saúde (Femar), promoveu nesta quinta-feira (28/11) o Fórum de Atenção Psicossocial no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (Facmar), no Flamengo, onde os participantes refletiram sobre o tema “População em Situação de Rua: políticas públicas, estigma e novos olhares no recorte da saúde mental”. A iniciativa reuniu profissionais da área, estudantes, usuários dos serviços e seus familiares, apresentando casos, vivências e dinâmicas de cuidado específicas a esse público.
Entre os pontos abordados na roda de conversa, estavam: a articulação em rede, integrando diversas secretarias e órgãos para qualificar o acolhimento às pessoas em situação de rua; o impacto de entender as questões que ocorrem no dia a dia desses indivíduos para qualificar as ações de saúde oferecidas; a importância de afastar e romper estigmas; além do olhar às vivências dos territórios como espaços de produção de potências.
Em outra frente, foram detalhados os serviços voltados às pessoas em situação de rua nas secretarias de Saúde e de Assistência Social, destacado como a equipe do Consultório na Rua (CNAR) faz a diferença no cotidiano do cuidado, além de ressaltado que as redes de apoio são essenciais para que todo o atendimento traga resultados positivos, tanto aos usuários como aos seus familiares e amigos.
O Fórum de Atenção Psicossocial foi mediado por André Luiz Avelino dos Reis, psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial Alcool e Outras Drogas (Caps AD). A mesa contou com Maria Helena Santana, assistente social que atua no Caps III de Maricá e no Caps Infantojuvenil (Capsi) Silva Otthof, em Petrópolis; Ualace Carvalho, psicólogo que coordena o Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas) de Maricá; Anna Carolina Macedo Cardoso, assistente social e técnica do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas); além de usuários dos serviços.
A assistente social Maria Helena, que atua no Caps III, ressaltou a importância do evento para entender melhor as dinâmicas do território e articular o cuidado à saúde mental.
“Fiquei muito feliz de compartilhar vivências nesse encontro, e o auditório cheio mostra como temos pensado a rede de cuidados aqui no município de forma articulada. Falar sobre a atenção psicossocial das pessoas em situação de rua é uma temática importante e que temos que retornar sempre. Isso é algo que circula o território e precisamos incluir esse público e compartilhar experiências, fazendo com que todos se apropriem desse lugar do saber”, afirmou.
Usuários destacam o acolhimento e cuidado
A.D., usuário do Caps, garantiu que os cuidados oferecidos pelo espaço fizeram a diferença na sua vida, afastando questões problemáticas.
“Sou atendido no Caps há muitos anos e ele foi como a minha casa, porque só consegui me afastar de muitos problemas com o auxílio que recebi lá. Nos últimos meses, comecei a conversar mais com os profissionais e melhorei muito, até me reaproximando da minha família. O Caps ajuda muita gente e lá recebi toda a atenção, onde podemos entender as nossas questões”, pontuou.
C.A., acompanhada no Caps 3, disse que o acolhimento que recebeu no local foi essencial para a sua melhora.
“Já vivi na rua por um tempo por perda de memória, após um momento onde fiquei desestabilizada. Hoje, estou melhor, e achei muito apoio no Caps, que me ajudou demais no tratamento e recuperação, desde que eu cheguei em Maricá”, concluiu.
Saúde mental em toda a rede
A Rede de Atenção Psicossocial (Raps) de Maricá é composta por diferentes serviços, chamados de pontos de atenção, que juntos tecem uma rede de cuidados para as pessoas com transtornos mentais e com problemas em decorrência do uso de drogas, assim como seus familiares. Na saúde, os pontos de atenção da rede vão desde a Atenção Primária, nas Unidades de Saúde da Família, até à Urgência e Emergência.
Nas 27 Unidades de Saúde da Família (USF), há equipes multiprofissionais, divididas por distritos que podem atender os casos moderados voltados à saúde mental. Além disso, nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), são atendidas pessoas com quadros graves e persistentes por demanda espontânea (livre procura) ou encaminhamento de outros serviços.
No Caps 3, o atendimento multiprofissional é para pessoas de todas as idades com transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, que podem procurar o serviço 24 horas na Rua Clímaco Pereira, 259, no Centro. No Caps Infantojuvenil (Capsi), a assistência psicossocial é voltada às crianças e adolescentes nesse perfil, abrangendo também àquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que são atendidas de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua Eugênia Modesto da Silva, 363, lote 01, quadra H, no Centro.
O município possui ainda o Caps Álcool e Outras Drogas (Caps AD), que disponibiliza acolhimento multiprofissional especializado em transtornos pelo uso de álcool e demais drogas. O equipamento de saúde funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua Eugênia Modesto da Silva, 107, lote 03, quadra K, Centro. Lembrando que, em casos de crises ligadas à saúde mental, a retaguarda de referência na cidade é o Hospital Municipal Conde Modesto Leal.