Um estudo publicado pela Revista Brasileira de Ciência e Movimento aponta que exercícios físicos têm grande potencial para melhorar o desenvolvimento de pessoas com Transtorno Espectro Autista (TEA). Alguns esportes, inclusive, são mais indicados por suas metodologias, que facilitam a assimilação.
“As artes marciais, que têm início, meio e fim programados, são menos problemáticas pelos ritos, ainda que haja intercorrências durante a prática. O mesmo na natação, que tem uma evasão muito baixa por parte do autista”, explica o fisioterapeuta Renato de Paula, PhD em Bioquímica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em Neurociência pelo Imperial College London, na Inglaterra.
Para o especialista, o capacitismo é um dos maiores desafios a serem enfrentados por familiares de pessoas com autismo.
“Os pais nunca devem duvidar que o filho autista pode ter uma vida melhor, tornando-se até mesmo um atleta. Daí a importância de políticas públicas que permitam esse público realizar seus planos. Não importa se a pessoa está ou não inserida no Transtorno do Espectro Autista. A preocupação deve ser proporcionar condições para que todos pratiquem algum esporte”, afirma Renato de Paula.
O fisioterapeuta, que ministra palestras sobre esporte, saúde e inclusão, exalta a criação do Abril Azul – segundo ele muito mais do que uma cor no calendário.
“É uma forma de chamar atenção para a causa. Por décadas e décadas essas pessoas ficaram à margem da sociedade, mas agora enfim temos um olhar mais acolhedor. Tudo é válido quando se fala em iniciativas globais em prol desse público. Estudos mostram que os movimentos comuns que os autistas fazem para se comunicar, conhecidos na ciência como ‘estereotipia’, melhoram consideravelmente com a realização de alguma atividade física. Estudos mostram que o autismo era tratado apenas de forma lúdica com caminhadas, exercícios de montagens e com menos vigor. Não funcionava”, ressalta Renato de Paula que aconselha: “Aconselho a praticar lutas e natação, porque há flexibilidade cognitiva, que nada mais é do que a pessoa saber que as coisas podem sair do planejado de uma hora para a outra e, ainda assim, ela lidar bem com isso”.