A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Direitos Humanos, promoveu neste sábado (19/04) o “Maricá Indígena”, uma imersão cultural na aldeia Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’aguy Hovy Porã), localizada em São José do Imbassaí. A iniciativa teve como objetivo fortalecer a convivência e o respeito mútuo entre indígenas e não indígenas, proporcionando um espaço de troca, escuta e valorização das crenças, saberes, memórias e tradições dos povos originários.
O público participou de experiências enriquecedoras que incluíram apresentações culturais, música tradicional, esportes indígenas — como arco e flecha, cabo de guerra e corrida com mbaraká — além de rodas de conversa, debates, exposição fotográfica, aula de língua guarani, pintura corporal, gastronomia típica e a comercialização de artesanato indígena. Um dos momentos mais marcantes foi a apresentação do coral guarani, que emocionou os presentes com cantos ancestrais que ecoaram como verdadeiros chamados à conexão espiritual e à reflexão coletiva.
“Hoje foi um dia especial. Recebemos muitas pessoas de fora, não indígenas, e isso é importante porque elas precisam conhecer e entender a cultura Guarani e de outros povos também. É preciso conversar diretamente com os indígenas e viver essa troca”, afirmou Miguel Wera, uma das lideranças da aldeia.
Martinha Mendonça, indígena do povo Guajajara, e diretora da Escola Municipal Indígena Guarani Para Poty Nhe E Já, destacou que a data é um dia de resistência, luta e celebração de sua existência.
“A ressignificação dessa data é um marco importante na nossa história, pois já vínhamos, enquanto movimento indígena, tirando-a do lugar folclórico e simbólico para afirmar nossa resistência e presença em todos os campos: saúde, educação, espiritualidade e cultura. Nossas histórias não são folclore, são memórias vivas, formas de viver, ensinar, cuidar e existir. Por isso é tão importante que os territórios indígenas organizem momentos de vivência com a população não indígena”, disse Martinha.
Dia dos Povos Indígenas
O evento celebra duas datas de grande simbolismo: o Dia dos Povos Indígenas (19/04), reconhecido nacionalmente como um marco de reflexão sobre a história, cultura e os direitos dos povos originários, e o Dia Municipal dos Povos Indígenas (22/04), instituído pela Prefeitura como um gesto de valorização local e reconhecimento da presença viva e ativa dessas comunidades no território maricaense.
“Momentos como esse de celebração e, principalmente, de respeito, são oportunidades para valorizar a resistência dos povos originários. Essa integração com a sociedade é fundamental para fortalecer memórias e compartilhar saberes”, comentou Leonardo Lopes, morador de Itaipuaçu.
Dia Municipal dos Povos Indígenas
A lei nº 3.196/2022 instituiu e incluiu no calendário oficial de eventos do município o Dia Municipal dos Povos Indígenas a ser comemorado anualmente no dia 22 de abril. O objetivo é valorizar a cultura, os saberes tradicionais dos povos indígenas e promover a conscientização social sobre os direitos humanos desses povos protegidos nacional e internacionalmente, além de se contrapor à ideia colonizadora de que o Brasil foi descoberto neste mesmo dia, no ano de 1500, ignorando a prévia existência dos povos indígenas que já habitavam o território.
Na cidade existem duas aldeias indígenas que resistem e preservam suas tradições: A Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’aguy Hovy Porã), em São José do Imbassaí e Céu Azul (Tekoa Ara Hovy), no Espraiado.