Com direção e roteiro de Reinaldo Dutra, o Espaço Cultural Panorama, no Colubandê, em São Gonçalo, foi o teatro escolhido pela Oficina da Dança Angélica Maria (ODAM) para abordar, na peça 7716, questões como o racismo em pleno século 21.
Para representar no palco assunto de tamanha relevância e que gera polêmicas na sociedade, o formando gonçalense Jhonatan Correa torna real a própria história e reconta a de outros negros não menos importantes: o transformista Madame Satã, a coreógrafa Mercedes Baptista, e a poetisa Stella do Patrocínio.
Em comum, além de sofrerem com o preconceito da cor negra, a frase que aparece no cartaz do espetáculo: ‘Na prática, ser preto é muito mais triste, que alegre!’. A peça teatral vai estrear no próximo dia 17 de março, às 20h.
“O 7716 é um espetáculo de formatura de dança na modalidade jazz acadêmico na ODAM. Ocorre que, de tempo em tempo, há a formatura de um dos bailarinos da modalidade. Agora, é a vez do bailarino Jonathan Correa e sempre que um bailarino vai se formar o espetáculo gira em torno de temáticas ou de narrativas que sejam do interesse do formando. Jonathan, bailarino negro, decidiu falar sobre questões ligadas ao racismo e narrativas autobiográficas”, contou o diretor e responsável pelo roteiro.
Além de Jonathan Correa, a peça faz um breve apanhado de outros três negros que sempre são citados quando o tema racismo e preconceito vêm à tona.
“É uma história bonita de se contar, mas principalmente a parte da história de um grande artista brasileiro e uma figura importante para o cenário cultural do Rio de Janeiro que é Madame Satã. Outros artistas surgem, artistas negros, periféricos e marginalizados pela própria cultura hegemônica que é racista. Se Madame Satã, traz o teatro, Mercedes Batista, primeira bailarina negra a pisar no palco do Teatro Municipal e a Stella do Patrocínio, mulher negra internada em um manicômio e lá se descobriu poetisa, são exemplos desta luta contra o preconceito racial.Tais vidas se eternizaram na história”, concluiu.
Já Jhonatan Correa da Silva, 32 anos, morador do Boa Vista, em São Gonçalo, acredita que o espetáculo vai além da mensagem que quer passar. Para o formando, 7716 explora temáticas cruciais como o racismo, LGBTfobia, misoginia, dentre outros.
“No pulsante coração da expressão artística, surge o espetáculo de dança “7716 – Na prática, ser preto é mais triste, que alegre!”. Essa obra visceral, concebida por mentes criativas e engajadas, mergulha nas profundezas das experiências cotidianas, explorando temáticas cruciais como o racismo, LGBTfobia, misoginia, dentre outros. Sob uma perspectiva ímpar, o espetáculo apresenta a narrativa desses desafios por meio das histórias de três figuras proeminentes na história da sociedade brasileira: João Francisco dos Santos, mais conhecido como Madame Satã, Mercedes Baptista que foi a primeira bailarina e coreógrafa negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e Stella do Patrocínio que foi uma intelectual, postumamente nomeada poetisa brasileira. A narrativa, construída, desvenda as camadas intricadas do cotidiano negro, revelando as lutas diárias e triunfos ocultos que permeiam a existência dessas figuras”, frisou Jonathan.
O Espaço Cultural Panorama fica na Rua Odete São Paio, 151 – Colubandê, em São Gonçalo. O espetáculo será apresentado no próximo dia 17 de março, às 20h. O valor do ingresso é R$ 25.
Fotos: divulgação da ODAM
