Não vai faltar cafezinho para encarar a longa espera, chá para acalmar os ânimos, e bananada para adoçar a boca de quem procura atendimento nos hospitais e em postos de saúde de São Gonçalo. Isto porque, desde quinta-feira (22), a administração municipal publicou contrato com duas empresas de Minas Gerais, duas do Rio Grande do Sul, e uma de São Paulo para receber 37.500 pacotes de pó de café, 15 mil bananadas, e 2.500 sachês de chás de camomila e de erva-doce. O valor da compra ultrapassa R$ 1 milhão.
Fazendo uma continha básica, a quantidade de pó de café deve render mais de 4 milhões de copinhos de café ao ano. E olha que cafeína nem é indicada para tratamentos na rede de saúde municipal. Sem falar na bananada, que são 1.250 unidades para serem distribuídas por mês. Enquanto o povo precisa se acalmar nas unidades de saúde onde sempre faltam médicos e medicamentos, vai ter farta distribuição de chás de camomila ou erva-doce.
A compra realizada pela Secretaria de Saúde deu o que falar e repercutiu mal entre os moradores de São Gonçalo. Um deles é o comerciante Ronaldo Aílton, de 40 anos, morador do Boaçu.
“A população não quer chá, café, e bananada. Ela necessita de um atendimento satisfatório e com bons profissionais. Este valor gasto poderia ser economizado e investido não apenas na área de Saúde, mas em Segurança Pública, por exemplo”, frisou.
Já a empreendedora Lorena Guimarães, de 29 anos, acredita que todo investimento é válido, mas gastar mais de R$ 1 milhão com coisas supérfluas em um município carente é empregar mal o dinheiro.
“O montante, na minha opinião, poderia ir para áreas tão importantes quanto Saúde. Educação é o pilar de tudo e acho que os professores ganham muito mal. Por que não investir isto para climatização das escolas?”, questionou.
Procurada, a Secretaria de Saúde de São Gonçalo não respondeu aos nossos questionamentos.
Foto: Eco Notícias RJ